Vamos combinar que o uso de cigarros não é um hábito que faz bem à saúde, já que o tabaco aumenta o risco de doenças cardiovasculares (como o infarto), cancerígenas e respiratórias (como a bronquite). Porém, as pessoas têm liberdade para fazer o que desejarem. Ainda assim, você receberá uma recomendação muito importante: não fumar antes da cirurgia plástica. Você sabe o porquê?
Este é o tema deste post. Então, se você fuma e deseja fazer uma cirurgia plástica, agora ou no futuro, continue a leitura. Vamos explicar por que esta pausa é fundamental para que você tenha uma boa cicatrização após o procedimento e evite complicações. Confira!
Índice:
Fumar antes da cirurgia plástica prejudica a circulação
O cigarro causa diversos efeitos em nosso organismo. Com exceção do prazer que ele proporciona porque a nicotina gera uma descarga de dopamina no cérebro, honestamente, nenhum outro impacto que ele acarreta é positivo.
Um desses impactos ocorre sobre a circulação. A nicotina, um dos principais componentes do cigarro, causa a constrição dos vasos sanguíneos, ou seja, faz com que eles fiquem mais estreitos. E não é só isso! Além da nicotina, várias substâncias presentes na fumaça — alcatrão, arsênico, formaldeído… — atuam sobre o sistema cardiovascular.
A nicotina estimula a produção de adrenalina. Com a adrenalina circulando pelo sangue, ocorre um aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, ou seja, o corpo funciona de maneira anormal, danificando a camada interna que reveste as artérias, chamada endotélio.
Com o dano ao endotélio, o corpo reage produzindo uma inflamação contínua. Assim, as paredes dos vasos sanguíneos perdem sua elasticidade e, consequentemente, a capacidade de fazer o sangue circular de forma eficiente.
Sem uma circulação perfeita do sangue, muitas células deixam de receber elementos essenciais para sua sobrevivência, como oxigênio, nutrientes e água. Isso tem um impacto muito grande na cicatrização. Esse é um dos principais motivos para parar de fumar antes da cirurgia plástica.
Fumar antes da cirurgia plástica reduz o oxigênio disponível para as células
É fato: nossas células precisam de oxigênio. Sem esse elemento, elas não conseguem realizar a respiração celular, um processo que converte nutrientes, como a glicose, em energia, no combustível que usamos para dar conta das nossas atividades diárias.
Sem oxigênio, não temos energia para andar, correr, trabalhar e até mesmo raciocinar claramente. Porém, o prejuízo vai além. Funções que nós sequer temos noção que ocorrem, como a manutenção e reparação celular, deixam de acontecer. Além disso, a falta de oxigênio prejudica o funcionamento de órgãos inteiros.
Agora, pense: ao fazer uma cirurgia plástica, você precisará passar por um processo de cicatrização, que exige reparação celular. No entanto, seu corpo é incapaz de produzir novas células se ele não tiver oxigênio em quantidade suficiente. Mas o que o cigarro tem a ver com isso? Veja a seguir:
O monóxido de carbono reduz o abastecimento de oxigênio
No tópico anterior, você viu que o cigarro já dificulta que o sangue chegue às células. Porém, mesmo o pouco sangue que alcança esses tecidos não tem oxigênio em quantidade adequada. Isso acontece devido à presença de monóxido de carbono.
Imagine, apenas para tratar o assunto de forma didática, que seu sangue tem um meio de transporte — uma frota de glóbulos vermelhos. No entanto, esses glóbulos são pequenos e não carregam vários elementos de uma só vez.
Portanto, em condições normais, os glóbulos vermelhos carregam o oxigênio para as várias células do corpo. Mas se nós fumamos, colocamos para dentro do organismo outra substância: o monóxido de carbono. Ela compete com o oxigênio por esse transporte.
Assim, em vez de os glóbulos vermelhos passarem 100% do tempo levando oxigênio para as células, eles passarão uma boa parte dessas horas levando monóxido de carbono. As células ficam sem o suprimento que elas precisam, dificultando a cicatrização.
A falta de oxigênio complica o processo de cicatrização
No pós-operatório, seu corpo precisa ainda de mais oxigênio que o normal. Afinal de contas, para fechar as incisões, ele terá que criar inúmeras novas células. Então, ele deverá aumentar a síntese de colágeno, formar novos vasos sanguíneos e ainda lutar contra infecções.
Se as células da área lesionada não recebem uma quantidade apropriada de oxigênio, todos esses processos não acontecem na velocidade ideal. É como uma construção: para levantar paredes, precisa de tijolos, cimento, e muitos outros elementos. Se esses materiais não estão disponíveis, a construção para!
Assim, a desaceleração da cicatrização torna a recuperação do paciente mais lenta, pode prejudicar esteticamente as cicatrizes e ainda aumenta o risco de infecções e complicações crônicas. Afinal, sem oxigênio, as células de defesa também não trabalharão também e o fato de a incisão permanecer aberta por mais tempo deixa o organismo vulnerável a invasões.
Percebe como fumar antes da cirurgia plástica gera um verdadeiro efeito em cascata, que prejudica a cicatrização dos tecidos e a recuperação do paciente de diversas maneiras?
Fumar enfraquece o sistema imunológico
Ao realizar a cirurgia plástica, seu corpo permanecerá vulnerável a infecções por um determinado período. Afinal, bactérias não atravessam uma pele íntegra, mas quando há um corte, elas encontram uma porta de entrada.
Por isso, antes da cirurgia, o médico toma todos os cuidados necessários para que isso não aconteça. Ele orienta você a remover pelos da região, fornece um antisséptico para o paciente tomar banho e eliminar microorganismos da pele, além de uma série de protocolos de higiene durante o procedimento.
Após a cirurgia, ele também se cerca de cuidados. O médico fecha a incisão com curativos, prescreve antibióticos e orienta quanto à higienização daquela área. No entanto, nenhuma barreira é 100% intransponível e, por isso, nosso sistema imunológico precisa estar em perfeitas condições de combate.
O cigarro compromete a função imunológica de várias maneiras. Desta forma, ele afeta negativamente a capacidade do corpo de combater infecções e prejudica a cicatrização de feridas.
Primeiramente, as substâncias tóxicas da fumaça, bem como os radicais livres, interferem na atividade das células imunológicas. Essas substâncias reduzem a eficiência dos leucócitos, ou glóbulos brancos, que são a primeira linha de defesa do corpo contra invasores.
Além disso, o fumo altera a produção de citocinas, que são moléculas sinalizadoras essenciais para a comunicação entre as células do sistema imunológico. Então, a resposta inflamatória se torna desregulada. O corpo tem dificuldade para controlar a inflamação, o que é essencial para combater infecções e para o processo de cicatrização.
A exposição contínua à fumaça do cigarro prejudica ainda a função dos macrófagos, células especializadas na captura e digestão de microrganismos patogênicos (vírus, bactérias) e detritos celulares. Isso aumenta a suscetibilidade a infecções e retarda a remoção de células mortas e resíduos de feridas.
Por fim, o cigarro pode comprometer a produção de anticorpos. Assim, o corpo reduz sua capacidade de se defender contra infecções futuras. Essa combinação de efeitos enfraquece significativamente o sistema imunológico, tornando o corpo mais vulnerável a infecções e reduzindo sua capacidade de cicatrizar eficientemente.
Fumar coloca o paciente em risco durante e após a cirurgia plástica
Você já viu como fumar antes da cirurgia plástica atrapalha a cicatrização, complica a recuperação e pode prejudicar até mesmo os resultados do seu procedimento. Porém, além desses fatores, o cigarro coloca a própria vida do paciente em risco.
É por isso que alguns cirurgiões plásticos, muitas vezes, se negam a operar fumantes. Afinal, quando os resultados ficam comprometidos, pode parecer que o médico não tem competência técnica para realizar o procedimento, o que não é verdade.
No entanto, além deste ponto, não podemos nos esquecer de que, antes de ser um cirurgião plástico, este profissional é um médico. Por isso, seu principal compromisso é com a vida, saúde e bem-estar de seus pacientes.
O médico sabe que, se o paciente fuma mais de um maço de cigarros por dia, ele apresenta um alto risco de gangrena, necrose, queloides, rompimento das suturas, tromboembolismo e outras complicações. Será que vale a pena correr esse risco?
Por isso, é essencial falar a verdade durante a consulta com seu médico. Se você fuma, conte a ele. Desta forma, ele fará o possível para evitar problemas irreversíveis ou, se for o caso, dirá a você diretamente que não é possível realizar a sua cirurgia plástica.
Quanto tempo parar de fumar antes e depois da cirurgia plástica
Por tudo o que você descobriu neste post, a melhor opção é não fumar antes da cirurgia plástica e nem depois do procedimento. Afinal, quanto mais tempo seu organismo ficar livre desses efeitos, mais rápida será a sua recuperação e menos complicado o processo de cicatrização.
Porém, talvez você esteja pensando que é difícil parar de fumar. Nós sabemos disso e dos mecanismos de dependência que a nicotina e outras substâncias geram no organismo. Por isso, mesmo que você não consiga interromper definitivamente este hábito, é importante ter uma margem de segurança antes e depois da cirurgia plástica.
O tempo recomendado para parar de fumar antes e depois de uma cirurgia plástica varia. Cada profissional de saúde costuma ter sua própria recomendação, além de considerar outros fatores, como o histórico de saúde do paciente e a natureza daquele procedimento cirúrgico.
No entanto, de forma geral, é importante parar de fumar pelo menos 4 a 6 semanas antes da cirurgia. O período de abstinência deve continuar durante todo o período de recuperação pós-operatória, com o paciente retomando este hábito apenas após a liberação médica.
Sabemos que o tabagismo não é um hábito fácil de ser interrompido. Por isso, antes de realizar uma cirurgia plástica, busque ajuda psicológica para entender e tentar auxiliar nesse processo. Assim você ganhará mais saúde, qualidade de vida, aumentará suas chances de ter um bom resultado no procedimento e poderá ainda reduzir o ritmo de envelhecimento da pele.
A Master Health, há mais de duas décadas, alia conforto, segurança e zelo no tratamento de seus pacientes. Adepta do conceito de clínica vertical, a Master dispõe de quatro andares unicamente dispostos ao atendimento, favorecendo a privacidade de cada momento da cirurgia plástica ou tratamento realizado pelo paciente.
Diretora Técnica Dra. Elaine Favano – CRM 42085/SP
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